A mesma frase dita em ocasiões diferentes tem um sentido muito diferente também. Por exemplo:
No noivado: Um diz para o outro em tom romântico: “Minha cara metade”. Dá até pra ver coraçõezinhos saindo dos olhos dos dois.
Nos primeiros anos do casamento: com as responsabilidades da casa, um diz para o outro em tom ácido: “Minha metade cara”.
Quando chega o divórcio: na hora da separação dos bens eles brigam por qualquer coisa, e um diz para o outro em tom ríspido: “Cara, minha metade!”.
Seria cômico se não fosse trágico. Mas, uma das causas mais frequentes para a dissolução dos lares em nossos dias está relacionada à questão financeira. Pecados como a ganância, a vaidade, o desejo de ter algo que não é necessário ou que não se tem os recursos para aquisição, a facilidade de se ter crédito (que é na verdade, a facilidade de endividamento!), a avareza, o egoísmo, são alguns dos muitos pecados relacionados ao dinheiro. E nesse momento devemos ser francos em admitir que se um cônjuge é avarento não gastando o seu dinheiro praticamente com nada (nem mesmo com o que é necessário), e o outro cônjuge é esbanjador gastando tudo o que tem e até o que não tem, ambos estão pecando por amor ao dinheiro.
No caso do avarento o amor ao dinheiro é explícito. Porém, o esbanjador embora aparente não dar valor algum ao dinheiro, ele ama tudo o que o dinheiro possa comprar. Tudo é amor ao que é material, tudo é materialismo, ou seja, idolatria da matéria, do que desvanece, do que é perecível.
As Escrituras Sagradas não condenam alguém ter dinheiro, ser rico e ter posses. Mas elas fazem sérias advertências com relação ao dinheiro. Em toda a Bíblia encontramos 117 referências (na Versão Revista e Atualizada) ao dinheiro, seja falando das posses de uma pessoa ou advertindo-nos com relação ao uso e a posse do mesmo. Por exemplo: Sl 62.10: “Não confieis naquilo que extorquis, nem vos vanglorieis na rapina; se as vossas riquezas prosperam, não ponhais nelas o coração”. Em 1Tm 6.3-10 lemos: “Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, 4 é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas, 5 altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. 6 De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. 7 Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. 8 Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. 9 Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. 10 Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”.
A Palavra de Deus está nos mostrando aqui o que é o Evangelho de Cristo, e também que falsos mestres para se enriquecerem (já naqueles dias!) se valiam da fé das pessoas. No v.6 Paulo afirma que de fato, a religião (piedade) pode ser uma forma de enriquecimento se praticada sem motivos interesseiros e egoístas. Deus pode abençoar um de Seus filhos materialmente falando para que seja pródigo em boas obras (cf. 1Tm 6.17-19), repartindo com sabedoria o que Deus lhe tem confiado. Porém, se não for servido a Deus nos tornar ricos, devemos lembrar que “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes”, ou seja, tendo o básico para viver, estejamos contentes com isso, e a razão dessa advertência é que “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição”. É por isso que o amor ao dinheiro (e não o dinheiro) “é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (grifo é meu).
Casais que priorizam o dinheiro em suas vidas com certeza trarão muitas dores para dentro de casa, e provavelmente se desviarão da fé pelo fato de que como disse o Senhor Jesus “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt 6.24) (grifo é meu). Para não cair nesses pecados e afastar-se de Deus o casal precisa tomar algumas medidas:
1) Deus tem de ser o maior tesouro da família. Corações que não estão vislumbrando a glória de Deus, que não O tem como o seu maior bem (cf. Sl 16.2), com toda certeza colocará ídolos em seus corações (bens materiais, status social, lazer, etc.), os quais alimentam a ilusão de que com dinheiro é possível adquiri-los. Resultado: o dinheiro deixa de ser um meio e passa a ser um fim na vida do casal. Aqui começa a desgraça e ruína de um casamento.
2) Exercitar o contentamento é prova de maturidade. Pessoas maduras na fé entendem que tudo o que têm e conquistaram não foi por mérito próprio, mas, sim, pela graça de Deus. Não há nada de errado em querer trocar de carro para ter um melhor e mais novo, ou uma casa mais espaçosa e mais valorizada. Mas, fazer disso o alvo da sua vida levando você a reclamar, murmurar e desdenhar daquilo que você tem agora é ingratidão!
3) Faça um bom planejamento dos seus gastos. Não basta só um planejamento; ele tem de ser eficiente e bom. Não é o quanto, o quando e como se gasta o dinheiro, mas sim, com o quê se gasta o dinheiro. Seja quais forem seus alvos no tocante ao uso de seu dinheiro, a prioridade é: “Honra ao SENHOR com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda” (Pv 3.9). Dízimos e ofertas (para os necessitados, para os missionários) devem ser os primeiros compromissos do seu salário!
Rev. Olivar Alves Pereira