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Apresentando o Senhor Jesus Cristo – Hb 1 e 2
Em algum momento entre os anos 70 a 96 d.C., judeus que haviam sido convertidos a Cristo e que foram dispersos para várias partes do globo terrestre, fato este que ficou conhecido como a Diáspora, agora estando longe do seu centro de culto a Deus, Jerusalém, e do contato próximo com os líderes da Igreja Crista, estes irmãos se viram tentados a voltarem às práticas de sua antiga religião, o Judaísmo, sem deixar Cristo de lado. Em sua concepção, eles entendiam que Cristo é o Salvador dos pecadores, mas, que, a observância das normas da Antiga Aliança ainda eram necessárias a fim de se viver de forma agradável a Deus.
Daí, o autor da carta, que não sabemos quem é, inspirado pelo Espírito Santo traz uma exortação séria a esses irmãos a fim de vê-los firmes em Cristo somente, porque a Antiga Aliança apesar de ter cumprido o seu papel era imperfeita, pois, a Lei quando muito dizia o que era certo e o que era errado, mas, quando o homem quebrasse a Lei esta só poderia aplicar-lhe seus rigores e condenação.
Partindo desse ponto, o escritor de Hebreus afirma: Cristo é Melhor. Cristo é melhor que o sistema mosaico de expiação e, por isso mesmo, Seu sacrifício é eficaz e pode não só livrar o homem da condenação como apresentá-lo com segurança e perfeição diante de Deus.
Enquanto estivermos meditando na carta aos Hebreus é importante ter em mente esse tema, pois, comparado a tudo o que temos, tudo o que fazemos, tudo o que oferecemos a Deus, Cristo é melhor.
Nesse primeiro estudo expositivo da carta aos Hebreus eu estarei: Apresentando o Senhor Jesus Cristo (1.1 – 2.18).
E uma pergunta que precida ser respondida aqui é: quem é Jesus Cristo e porque Ele pode salvar pecadores?
Nos dois primeiros capítulos da carta encontramos as seguintes verdades sobre a pessoa de Cristo que respondem a essa pergunta:
1) Ele é a revelação máxima e exata de Deus, 1.1-4
v.1,2: as outras formas de revelação de Deus estão subordinadas a Cristo. No Passado Deus transmitiu a Sua Palavra de diversas formas: visões, anjos, sonhos, etc., mas, “nestes últimos dias, nos falou pelo Filho”. Cisto é, portanto, infinitamente melhor do que as outras formas de revelação de Deus.
v.3: expressão exata de Deus; sustentador da Criação (Ele é a Palavra). Cristo nos revela Deus. Não há conhecimento de Deus sem passarmos pela Pessoa de Jesus Cristo. Ele é o “resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser”.
v.4: Seu Nome é “Senhor”. O nome de Deus é a Sua glória, jamais foi dado a qualquer outra pessoa ou ser, exceto a Cristo, porque Ele é Deus.
2) Ele é superior aos anjos porque é Deus, 1.5-14;
v.5: anjos são criaturas; Jesus é Deus: há uma ideia disseminada por aí de que os anjos são chamados de “filhos de Deus” em Gn 6.2 e Jó 1.6, mas, aqui no v.5 lemos que Deus jamais trata os anjos por “filhos”. Jesus é o Filho de Deus que nos abriu as portas das mansões celestiais para ali sermos recebidos como filhos também.
v.6: porque Ele é Deus deve ser adorado: a adoração a Cristo é prova de que Ele é Deus.
v.8,9: porque Ele é Deus, reina: Ele reina com base na justiça.
v.10-12: porque Ele é Deus, é eterno: os dias do Senhor Jesus não têm começo e nem fim; Ele é antes de todas as coisas, e depois de todas as coisas Ele permanecerá eternamente.
Enquanto isso, os anjos não passam de servos enviados por Deus a favor e em socorro dos eleitos. Contudo, nossa confiança não deve estar nos anjos, mas, sim, em Cristo, o qual se quiser pode usar anjos para socorrer-nos. Em tempos como os nossos em que uma idolatria aos anjos tem ganhado terreno até mesmo dentro das igrejas faz-se necessário que falemos que os anjos existem em função de Deus e não para serem cultuados.
Outra verdade sobre Jesus que precisamos saber é:
3) Ele é o Salvador anunciado pelos apóstolos, 2.1-4;
Temos necessidade urgente de apegar-nos às “verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos” (v.1). A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. A ênfase sempre recai no ouvir a Palavra, e não no ver a as coisas. Esse assunto será retomado lá no Cap.11 quando o autor sagrado falará sobre a natureza da fé. Ainda que Deus venha fazer sinais e prodígios para confirmar a Sua Palavra segunda a Sua vontade e não conforme a vontade do homem (cf. v.4), bem-aventurado é o que crê na Palavra sem necessitar ver tais sinais.
v.3: negligenciá-Lo é loucura, é condenação!
Uma vez que a Palavra agora nos é anunciada na Pessoa de Jesus Cristo a pergunta que surge é: “como escaparemos nós se negligenciarmos tão grande salvação?”. Os apóstolos receberam a revelação de Deus e nos transmitiram.
Se quisermos conhecer a Deus temos de conhecer a Cristo, e para conhecer a Cristo necessitamos da revelação segura da Sua Palavra.
4) Ele é superior aos homens, por isso mesmo pode salvá-los, 2.5-18
v.5-9: o homem é a “coroa da Criação”, mas está sujeito a Cristo. O homem é único. Só ele tem alma vivente, consciência e perspicácia. Porém, é o único ser em toda a criação que se rebela contra o seu Criador. Quando a Bíblia diz que Cristo foi “por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos” (v.9) não está dizendo que Cristo é menor que os anjos, mas, sim, que durante o Seu estado de humilhação (dos nascimento à morte) ele era humano, e, por pouco tempo, nessa condição era menor que os anjos, não em poder e autoridade, porque os anjos estavam a seu serviço (Mt 4.11). Mas, o homem está sujeito a Cristo.
v.10: Cristo é o Autor da salvação, por isso aperfeiçoa os Seus. Quando a Bíblia diz que Deus “aperfeiçoou” Jesus como Autor da salvação, não quer dizer que Jesus finalmente tornou-Se sem pecado, até mesmo porque Ele nunca os teve (cf. 4.15). O que a Bíblia quer dizer com isso é que Cristo e Seu sacrifício é plenamente qualificado e capaz de nos salvar.
v.11-13: Cristo o nosso irmão mais velho e Perfeito. É Cristo quem nos apresenta diante de Pai, e por meio do sacrifício Dele é que somos aceitos por Deus e recebidos em Sua presença.
v.14,15: Cristo é superior ao diabo e à morte, por isso os venceu. No momento em que o diabo levou o homem a pecar, passou a acusá-lo diante de Deus e a exigir que um sacrifício perfeito fosse realizado. Homem algum poderia cumprir tal exigência. E assim Satanás detinha o poder da morte. Mas, Cristo veio e satisfez a exigência da Lei de Deus e calou a voz acusadora do Diabo, tornando suas acusações sem qualquer poder contra os filhos de Deus.
v.16-18: Cristo é a propiciação para a descendência de Abraão. O socorro de Cristo é somente para a descendência de Abraão, a saber, os eleitos. Ele é a propiciação pelos pecados do Seu povo, isto é, Ele carregou a ira e a condenação que estava sobre o povo de Deus. Ele é misericordioso porque embora tenha assumido a condição humana, Ele é Deus, e como tal era a única salvação para o Seu povo. Ele abriu mão de Sua glória para assumir nossa miséria e assim nos salvar, “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados”. Justamente onde está a nossa fraqueza, Cristo fez-se um de nós, e venceu o que nos derrotava.
Implicações e Aplicações
1ª Implicação: Não conheceríamos a Deus se Ele não tivesse Se revelado a nós
Ele deu o primeiro passo. Foi um ato livre de Sua vontade.
Essa implicação se estende até mesmo aos nossos relacionamentos, pois, em se tratando de perdoar, sempre devemos dar o primeiro passo para perdoar o nosso ofensor em vez de esperar que ele venha nos pedir perdão. O ato de Deus se revelar a nós foi com a finalidade de estabelecer a paz conosco e nos transformar em Seus filhos por meio de Jesus. Toda a revelação de Deus é um ato de misericórdia e de redenção!
2ª Implicação: Crer na Divindade de Cristo é crucial para a nossa salvação
Temos de ser firmes contra heresias que ensinam que Cristo não é Deus. Se Ele não é Deus nossa salvação é uma ilusão, e não passa de uma tentativa arrogante de nossa parte que desejar a Glória Eterna. O nosso anseio pela Glória Eterna é resultado da ação salvadora do Deus que Se encarnou e Se tornou um de nós, a fim de nos levar a participar das maravilhas da Sua Glória Eterna.
Conclusão
Cristo é a melhor revelação de Deus para nós, pois, Ele nos revela Deus exatamente.
Mensagem proclamada na Igreja Presbiteriana no Jardim Sul, São José dos Campos, 18/03/2012
Rev. Olivar Alves Pereira
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