Rev. Olivar Alves Pereira
Em At 20.35 lemos: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber”. Ainda que não encontremos em nenhum dos quatro Evangelhos essas palavras, certamente elas derivam do ensino de Jesus em Mt 7.12: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas”.
Mas, por que é muito mais feliz, feliz de verdade (bem-aventurado) aquele que dá em vez daquele que recebe? Primeiramente, é importante que se diga que a Bíblia não está dizendo que quem recebe é infeliz, mas, sim, que o que dá é mais feliz do que o que recebe. Sem dúvida alguma, quando recebemos bênçãos de Deus, ou uma dádiva de alguém, sentimo-nos felizes por isso, e esta felicidade deve transformar-se em gratidão.
Porém, quando abrimos nossas despensas e damos algo a alguém que está necessitado, sem dúvida alguma experimentamos uma profunda alegria em nosso coração, e isso por alguns motivos. Destacamos dois motivos aqui:
Quando damos refletimos o caráter de Deus. O maior desejo de Deus é dar. Ele nos deu Seu Filho para nos salvar (Jo 3.16), Ele nos dá ricas bênçãos decorrentes da salvação em Cristo (Rm 8.32), e Ele é o galardoador dos que o buscam (Hb 11.6). Como filhos de Deus devemos seguir Seu exemplo em dar.
Quando damos nos livramos de possíveis ídolos do nosso coração. Nosso coração é idólatra. Ele se agarra a coisas com muita facilidade, e as idolatra. Os conhecidos “acumuladores” são aqueles que guardam em suas casas desde coisas valiosas a embalagens vazias. Suas casas são verdadeiros lixões. Elas se agarram às coisas por nutrirem uma segurança que é falsa, pois, até mesmo coisas valiosas como o ouro e a prata se deterioram com o tempo e perdem seu valor diante da morte. Precisamos atentar para esse fato e lutarmos contra o desejo de nosso coração de se apegar a coisas.
Assim sendo, quando damos, além de socorrer quem necessita (cf. At 20.35), também livramos a nós mesmos do laço da idolatria, e livres desse laço, estamos livres para adorar somente a Deus e desfrutarmos da verdadeira felicidade, alegria e segurança que Ele pode nos dar.