Rev. Olivar Alves Pereira
A palavra “tribulação” vem do latim tribulatio e quer dizer aflição, angústia, preocupação. Dizem que havia um instrumento antigo usado para colher o trigo, que era uma espécie de gancho serrilhado cujo nome era tribulum[1]. Dizem que é desse instrumento que se deriva a palavra “tribulação”, pois, no momento em que o tribulum passava na moita de trigo, a mesma se agitava toda. De igual forma, quando passamos por momentos difíceis sentimo-nos agitados, sacudidos e angustiados. Mas, não podemos desperdiçar as nossas tribulações. Elas cumprem um papel importante em nossa vida seguindo a Cristo.
Em 2Co 4.16-18, as Escrituras nos dizem: “16 Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. 17 Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, 18 não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”. Quais verdades se destacam aqui?
Primeira verdade: A renovação espiritual é resultado da certeza da promessa da ressurreição. Quando Paulo diz: “Por isso não desanimamos”, o que é esse “por isso”? A resposta está no v.14: “sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará convosco”. O nosso corpo está se deteriorando por causa do tempo, das enfermidades, do uso, mas, principalmente por causa do pecado. Apesar de tudo isso, devemos sempre nos lembrar que um dia Deus nos ressuscitará assim como Ele fez com Jesus Cristo. A Vida tem a palavra final sobre nós. A renovação espiritual que vence o abatimento e a tristeza causados pelas tribulações, é decorrente de confiarmos na Palavra de Deus que nos promete tamanha bênção. É olhando para a eternidade que conseguiremos vencer o que é temporário. E é esta a próxima verdade que destacamos aqui.
Segunda verdade: Não perca a glória eterna de vista. Tudo passa, nada é para sempre nesta vida, exceto as coisas eternas. O apóstolo Paulo fala que “a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (v.17). Se não tomarmos cuidado, a autocomiseração e a vitimização tomam conta dos nossos pensamentos, e assim ficamos tão sufocados e angustiados que não conseguimos ver que nessas circunstâncias difíceis, Deus está nos moldando conforme o caráter de Jesus Cristo (cf. Rm 8.28-29). Este é o “eterno peso de glória, acima de toda comparação” ao qual se refere Paulo. Nada há mais importante, mais urgente, mais necessário do que sermos moldados ao caráter de Cristo.
Assim sendo, quando você
estiver passando por uma tribulação em sua vida, não ponha a sua atenção nela,
isto é, não perca o seu tempo tentando acabar com ela – quem determina o tempo
dela durar é Deus, e não você (Ap 2.10) – mas, focalize em ver o que é que Deus
está querendo tratar em seu coração. Não
desperdice essa oportunidade de ficar mais parecido com Cristo, de ser moldado
em seu caráter. Um dos principais motivos pelos quais muitas vezes deixamos
de crescer espiritualmente, e pior, deixamos de honrar a Deus, é porque olhamos
para as tribulações como problemas dos quais temos que nos livrar o quanto
antes, e não como oportunidades singulares que Cristo nos dá para aprendermos a
confiar ainda mais Nele e a honrá-lo diante das circunstâncias. Atente para o que é eterno em vez de brigar
com o que é temporário.
[1] Extraído de https://origemdapalavra.com.br/pergunta/etimologia-47/ em 26/04/2019