Observando a minha vida, as coisas que tenho e que gostaria de ter, constatei que não me falta nada. Tudo o que tenho foi dado por Deus e Ele distribui a cada um as Suas bênçãos conforme Lhe apraz. Então o que tenho é porque Deus quis, e o que eu não tenho é porque Deus não quis me dar.
Aparentemente havia encontrado a resposta. Mas, cavando um pouco mais fundo em meu coração percebi que está f
altando algo, a saber, uma profunda convicção de pecado. Eu sempre me vi como pecador, mas, tem me faltado ver isso com mais profundidade, com mais gravidade.
A razão de estar me faltando essa profunda convicção de pecado é porque tenho a sórdida mania de me nivelar por outros. Olho aqueles que me cercam e logo saio em busca de comparações. Se eles são “melhores” do que eu, são mais experientes na Vida Cristã, não demora muito para eu encontrar uma falha neles e dizer: “Bem, esse pecado eu não tenho; essa culpa jamais terei”. Se, porém eles são “piores” do que eu, ou seja, não têm o conhecimento que tenho da Palavra de Deus ou a experiência que tenho, uma compaixão (muitas vezes hipócrita) me faz dizer: “Pobres miseráveis. Estão agindo assim porque ainda estão perdidos”. Algo não muito diferente daquele fariseu que orava a Deus comparando-se com um publicano, e julgava-se melhor que este (Lucas 18.10-14).
Mas, quando deixo de me comparar aos demais pecadores, só me resta a Santidade, a Beleza, a Pureza de Deus, e é aí então que eu entro em desespero. Deus não me julgará em comparação aos outros pecadores, mas, sim, em comparação à Sua própria santidade. Assim sendo, quem subsistirá diante de tão gloriosa santidade? A resposta está em Rm 8.1: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. É a Justiça de Cristo que me garante diante de Deus; é a Justiça de Cristo que me torna aceitável aos olhos de um Deus tão Santo.
A profunda convicção de pecado que muitas vezes me falta é resultado de uma contemplação honesta e sincera da Santidade de Deus. Quero vê-Lo santificado e honrado em cada momento de minha vida, ou seja, quero realizar cada obra como se fosse a última que Ele me concedesse realizar, e por isso mesmo cada obra que eu realizar, seja um pensamento, uma palavra, uma ação ou uma emoção quero consagrar a Ele. E cada vez que eu pecar quero chorar de profunda tristeza por ter desonrado a este Deus tão Santo. Quero temer somente pecar contra Ele fazendo algo que O desagrada, porque tenho visto que as pessoas que mais amaram a Deus foram as que mais temeram a Ele, as que nunca O trataram como um igual chamando-O de “Você” ou de “Papaizinho” mas de “SENHOR SUPREMO”. As pessoas que mais amaram a Deus sempre que se achegavam a Ele traziam em suas palavras e ações um respeito profundo e grave porque sabiam que estavam na presença Daquele cujos santos anjos se encurvam perante o som da Sua voz.
Sim, tem me faltado essa profunda convicção de pecado e por isso mesmo tenho agido com arrogância, impaciência e prepotência em relação aos outros pecadores. Os homens mais consagrados a Deus que passaram por este mundo eram também homens cujo coração sangrava de compaixão pelos pecadores e tinham grande paciência com os irmãos mais imaturos enquanto não se esqueciam da Santidade de Deus e do dever de honrá-Lo.
Por isso decido a partir de hoje lamentar meus pecados, lutar contra eles antes de sair por aí lutando contra os pecados dos outros. Decido nivelar-me pela Santidade de Deus e não pela podridão dos outros pecadores iguais a mim, pois, só assim verei o quanto ainda estou longe e o quanto ainda tenho de caminhar para a glória de Deus. Que Ele me ajude!
Rev. Olivar Alves Pereira